26 dezembro 2006

Basta de poesia

F. Ponce de León

Basta de poesia
de apartamento,

gerada no sofá,
em meio a pêlos
de gato, vapores

e xícaras de chá


(Chá ralo, sorvido

em goles barulhentos,

servido em pires,

ao lado de bolachas

quadradas, sem gosto)


Chega de poesia

escondida em

gavetas, inspirada

em paredes

mofadas e porta-

retratos nas estantes


(Porta-retratos que

ostentam fulanos

notórios ou notórias

influências – mortas,

vivas, outras nem tanto)


Chega dessa poesia

de repartição,

rica em truques
e
malabarismos, escrita

em letra miúda, sob
o
peso (morto) do concreto


(Concreto lapidado

com cinzel de ouro,

prêmio de um desses

festivais arranjados

e que chegou pelo correio)


Basta! Poesia é para

ser escrita ao ar livre,

enfrentando o sol,

a chuva, o vento frio

das montanhas e os

abismos de alto-mar

2 Comentários:

Blogger Paulo Roberto de Almeida disse...

A complemetariedade logica deste poema, o seu sequitur, seria uma poesia ao ar livre...

27/12/06 21:45  
Anonymous Anônimo disse...

yeah poesia é pra vida

28/12/06 09:41  

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