20 dezembro 2006

Fortaleza

Gildo Magalhães

Amo brincar na serra que ri verde

De frente cortada para o mar,

Seu peito antepara o sol.


Lá embaixo a areia branca

Se entrega aos dedos do mar;

Desarrumada e toda largada,

Espera que ele a toque:

Vai e volta o mar, fiel e não.


Nas brejaúvas e palmitos

Enrolados por liso véu,

Pula o tiê-sangue,

Arco que o vento entesa –


Saúdo-te, neblina cingindo a montanha,

Mas a manhã avessa espanta a névoa,

A mata brava se enche de azul e vida.


A serra, de costas para o país,

Olha a África e as ilhas da costa –

Assim também

Olho distante,

A transpor o oceano,

A me deixar,

Com saudade de não ir.


Fonte: Magalhães, G. 1987. Alquimista do tempo. SP, Roswitha Kempf Editores.

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