28 setembro 2007

Terra infirma

Egberto Penido

Tarde da noite, a tempestade me acorda.
Retorno de alguma dimensão perdida
de meu próprio ser.
A alma parece um corredor onde
passos hesitantes ressoam.
Impossível voltar a dormir.
Na trama de meu mundo interior
me lacero
em arestas de antigos dilemas.
Nesta terra infirma em vão me interrogo:
... e a mudança de coração, a esquina que necessita
ser virada,
a vida que tem de ser perdida para ser reencontrada?
... e a dureza inata, a rigidez que precisa ceder
para que se possa passar pelo olho da agulha?

O vento amainou. Fecho os olhos
e sem desesperar
continuo procurando nos recessos de meu coração,
a senda que poderá me levar
à liberação de mim mesmo.

Fonte: Penido, E. 2001. Sombras e distâncias. SP, Ateliê Editorial.

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