05 outubro 2007

A leitura do céu

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Para o nosso primeiro contato com o Universo, devemos procurar locais livres de obstáculos que nos impeçam de observar o céu em toda a sua amplitude, de uma lado ao outro do horizonte. Longe das luzes ofuscantes da cidade, o que só podemos obter nas fazendas ou acampamentos afastados dos grandes centros urbanos, nas noites límpidas, sem lua e nebulosidade, poderemos assistir a um dos espetáculos mais indescritíveis: toda a abóbada celeste estrelada. Diante deste irresistível panorama devemos inicialmente sentir um profundo sentimento de humildade, imaginando a beleza e a incomensurabilidade do Universo com a sua incontável quantidade de estrelas.
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Para compreender os movimentos do céu sem nenhum instrumento astronômico, convém ficar, se possível durante algumas horas – à noite –, observando os deslocamentos das estrelas. Além da esteira leitosa – a Via Láctea – que atravessa o céu, irão surgir subitamente um ou mais riscos luminosos – os meteoros – cortando o fundo azul-escuro da imensa cúpula salpicada de pontos luminosos – as estrelas. Todos esses belos e indescritíveis fenômenos não deverão perturbar nossa observação relativa ao lento deslocamento dos astros.
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Dessa observação a olho nu podemos constatar os seguintes fatos:

1. As estrelas aparecem do lado leste do horizonte e deslocam-se paralelamente no céu em direção ao lado oeste, onde desaparecem. [...]

2. Observando sempre num mesmo lugar, o observador verá que uma mesma estrela aparece e desaparece todos os dias em uma mesmo ponto no horizonte. [...]

Todavia, de um dia para o outro, o nosso observador irá notar que uma mesma estrela aparece e desaparece quatro minutos mais cedo.
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Por esse motivo, se observarmos o céu sempre à mesma hora, veremos que seu aspecto se modificará: algumas estrelas deixarão de ser vistas e outras surgirão. Num intervalo de seis meses, se observamos o céu numa mesma hora e num mesmo local, todas as constelações visíveis serão diferentes. [...]

Fonte: Mourão, R. R. F. 1998. Manual do astrônomo, 3a edição. RJ, Jorge Zahar.

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