27 novembro 2007

Saudade moderna

Luiz Tatit

Uma saudade
É do tempo que andávamos juntos
Era um verdadeiro temporal
Mas estávamos sempre juntos
Outra saudade é do tempo
Que inda nem te conhecia
E simplesmente eu desejava estar sozinho
Era tão bom, era tão calmo, tão feliz

Uma terceira saudade
É completamente inesperada para mim
Ela pega um tempo que, absolutamente,
Eu não vivi
E que tenho saudade
Nessa saudade não tem você,
Não tem ninguém, não tem recordação
Na verdade ela tem uns traços
Que eu não sei dizer de onde vem

É uma saudade moderna
Não tem tempo, não tem hora
Nem a mínima lógica
É agora!
Acontece no momento e ai de quem não se toca
Ela tem a propriedade de não retroceder
Quanto bate atordoa: que é isso?! Que é isso?!
E no entanto é isso mesmo
Parece que é esperança até que dói

É uma saudade perfeita
Com alegria, sofrimento
Só que bem mais moderna
É a glória!
Eu não sei como explicar mas essa saudade é a glória
Ela incide sobre um tempo que não cabe na história
Escapa da consciência e se projeta pra fora

Fonte: encarte que acompanha o álbum Diletantismo (1983), do grupo Rumo.

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