03 janeiro 2008

Somos o que comemos

Charles B. Heiser Jr.

Não é preciso dizer que somos onívoros. Alguns pensam que, antes de estar bem desenvolvida a agricultura, os principais alimentos do homem eram a carne e o peixe. Não existe certeza de ter sido assim nos primeiros tempos, pois macacos pequenos e grandes são quase que totalmente vegetarianos; o homem muito antigo também pode ter sido. Todavia, a comparação de ossos quebrados de animais com alguns restos de antepassados do homem sugerem-nos que o hábito de comer carne foi adquirido muito cedo.

O fato de ser onívoro, ajuda a explicar a ampla distribuição do homem sobre a superfície da Terra. Era-lhe possível encontrar alimentos adequados em quase todos os lugares por onde ia. Muito embora, como espécie, o homem coma quase de tudo, qualquer comunidade humana em particular seleciona certas plantas e animais para o consumo. Isso é assim hoje, sem dúvida, e talvez venha de muito longe, do período pré-histórico do homem. Podemos supor que os primeiros homens de quando em quando experimentavam todas as fontes potenciais de alimento de seu ambiente, mas alguns tornaram-se preferidos aos outros. Muito pouco sabemos da razão de ter ele escolhido aqueles que escolheu, mas existe a idéia de que a palatabilidade exerceu importante papel: aspectos como o gosto, a consistência, o odor e a cor. [...]

Um dos primeiros traços culturais importantes, adquiridos pelo homem, foi o uso do fogo. O fogo proporcionou-lhe não apenas uma fonte de calor, um meio de proteção contra os animais selvagens e um instrumento que o ajudava na captura de outros animais, mas também uma nova maneira de preparar os alimentos. O cozimento facilita o aproveitamento das proteínas animais e provoca o fracionamento dos grânulos de amido, de forma a serem mais facilmente digeridos. O conhecimento do uso do fogo alterou os hábitos alimentares humanos. Permitiu o uso de alimentos, que no estado natural ou não eram comestíveis ou eram até mesmo tóxicos. Como agora, deve ter sido certamente apreciado o sabor mais agradável que resulta do cozimento.
[...]

Fonte: Heiser, C. B., Jr. 1977. Sementes para a civilização. SP, Nacional/Edusp.

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