21 novembro 2008

Uma história de Natal

Charles Dickens

1.
Marley estava morto – para começar. Sem dúvida alguma. O registro do enterro estava assinado pelo clérigo, pelo escrivão, pelo agente funerário e pelo homem que encabeçava o cortejo fúnebre. Scrooge também assinou. E a assinatura de Scrooge valia ali tanto quanto na Bolsa, em qualquer coisa em que ele quisesse pôr as mãos. O velho Marley estava mortinho-da-silva.

Atenção! Com isso não estou querendo dizer que eu saiba, que tenha conhecimentos próprios, sobre o que há de particularmente morto numa da-silva. Para mim, silva lembra uma espécie de selva, local de coisas silvestres e selvagens, e de minha parte me inclinaria a considerá-la como um lugar especialmente cheio de vida. Mas a sabedoria de nossos ancestrais inventou essa expressão e não está em minhas pobres mãos o poder de perturbá-la, ou então coisas assim acabam liquidando o país. Portanto, permitam-me que repita, com ênfase, que Marley estava mortinho-da-silva.
[...]

Fonte: Dickens, C. 2002 [1843]. Uma história de Natal, 5ª edição. SP. Ática.

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