23 julho 2010

Agosto

Rubem Fonseca

1.
O porteiro da noite do edifício Deauville ouviu o ruído dos passos furtivos descendo as escadas. Era uma hora da madrugada e o prédio estava em silêncio.

“Então, Raimundo?”

“Vamos esperar um pouco”, respondeu o porteiro.

“Não vai chegar mais ninguém. Já está todo mundo dormindo.”

“Mais uma hora.”

“Amanhã tenho que acordar cedo.”

O porteiro foi até a porta de vidro e olhou a rua vazia e silenciosa.

“Está bem. Mas não posso demorar muito.”
[...]

Fonte: Fonseca, R. 1990. Agosto. SP, Companhia das Letras.


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