03 março 2011

Varech

António Maria Lisboa

Eu estimo sobre tudo os teus olhos incolores
as tuas mãos inúteis, a tua boca verde

Eu falo somente dos relógios caídos, dos auto-carros
Eu falo somente dos pés vermelhos
Eu falo... eu falo... eu falo...
No vigésimo século as nuvens são árvores
e os pássaros mais pequenos grandes paquidermes

Sim, é verdade, os cabelos loiros
Então, meia-noite!

Senhora, se me dá licença, este dia acabou
simplesmente por este dia

A criança é porca, é inútil
Muito obrigado

Fonte: Melo e Castro, E. M. 1973. O próprio poético. SP, Quíron. Poema publicado em livro em 1962.


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