25 novembro 2011

Uma questão de escala

Stephen H. Schneider

Você se lembra das famosas fotografias que os astronautas tiraram no espaço no final da década de 1960, fotos que transformaram a consciência global a respeito da Terra? Nuvens brancas circulavam em torno de uma bola azul com calotas de gelo brancas e desertos avermelhados. Os padrões em espiral das tormentas destacavam-se como características salientes que ocupavam regiões do tamanho do estado da Nova Inglaterra – aproximadamente 1.000 quilômetros de extensão. Esta é uma maneira de observar a atmosfera. O passageiro de um avião em vôo turbulento pode pensar que a ação atmosférica está na escala das centenas de metros à medida que o aeroplano é sacudido nos céus. Um balonista que observa gotículas individuais de chuva ou flocos de neve carregados lentamente pelo ar pode concluir que a atmosfera deve ser compreendida na microescala dos milímetros. Estas observações, em um certo sentido, são todas “corretas”. Elas dependem do que você está procurando ou observando.

Podemos olhar para um céu tempestuoso, por exemplo, e ver as nuvens se movendo do leste para o oeste. Isso significa que a tormenta que se desenrola sobre as nossas cabeças está se movendo do leste para o oeste? Imagine que o mapa enviado pelo satélite no boletim meteorológico desta noite na tevê mostrasse que, embora os ventos locais que circulam naquele instante estivessem de fato se movendo do leste para o oeste, a tempestade como um todo estivesse na verdade se deslocando do oeste para o leste. Não haveria nada de errado com as nossas observações locais, apenas com a nossa hipótese em uma escala maior; precisaríamos de uma visão mais abrangente para determinar as relações de grande escala corretamente. Ou, como o ecólogo matemático Simon Levin, da [Universidade de] Princeton, afirmou certa vez, o mundo parece ser muito diferente, dependendo do tamanho da janela através da qual você estiver olhando.
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Fonte: Schneider, S. H. 1998. Laboratório Terra. RJ, Rocco.

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