07 dezembro 2011

Feia

Constance Briscoe

1.
Vou escrever a minha história. Até este momento, tenho sido uma pessoa muito reservada, portanto, esta é a primeira vez que minha história está sendo relatada. É difícil recordar a ordem das coisas. Meu pai, George, e minha irmã Pauline poderiam ajudar nisso. Seria mais fácil se eu tivesse os meus diários. Mantive diários desde que aprendi a escrever. Mas minha mãe os roubou de mim.

Vou começar pelo meu nome. Constance. Este é o nome que está na minha certidão de nascimento. Só fui descobrir esse fato quando tinha dezoito anos. Antes disso, achava que meu nome era Clare. Minha mãe me chamava de Clear, ou seja, Clara, porque dizia que eu era transparente e por isso conseguia ver todos os meus segredos. Quando eu não estava na lista negra dela (o que não acontecia com muita frequência) era Clearie, Clarinha. Minhas irmãs adotaram Clare. Ainda me chamam assim, Meus boletins escolares se referiam a mim como Clare. Quando eu trabalhava em asilos era conhecida como enfermeira Clare. Em minha carteira de motorista está escrito Clare. Então é assim que você vai me conhecer nesta história.
[...]

Fonte: Bricoe, C. 2009 [2006]. Feia. RJ, Bertrand.

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