13 janeiro 2013

Aos lustres

Eduardo Guimaraens

Suspensos, nos salões, dos tetos decorados,
que de arabescos orna o gesso alvinitente,
ó lustres de cristal, enganadoramente
ao mesmo tempo sois sonoros e calados.

Pesados, dais, no entanto, às pompas do ambiente,
onde há ricos painéis entre florões dourados,
a mais aérea graça; e os olhos deslumbrados
sentem que os cega o vosso encanto reluzente.

Que o silêncio ao redor guarde a fragilidade
translúcida que sois: e ouçam-se quase a medo
os rumores quaisquer que em torno a vós se formem!

Toquem-vos docemente a sombra, a claridade...
Nem se turbe jamais, ó lustres, o segredo
das vibrações que em vós musicalmente dormem!

Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema originalmente publicado em 1908.

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