27 junho 2013

Soror Teresa

Maranhão Sobrinho

... E um dia as monjas foram dar com ela
Morta, da cor de um sonho de noivado,
No silêncio cristão da estreita cela,
Lábios nos lábios de um Crucificado...

Somente a luz de uma piedosa vela
Ungia, como um óleo derramado,
O aposento tristíssimo de aquela
Que morrera num sonho, sem pecado...

Todo o mosteiro encheu-se de tristeza,
E ninguém soube de que dor escrava
Morrera a divinal soror Teresa...

Não creio que, do amor, a morte venha,
Mas, sei que a vida da soror boiava
Dentro dos olhos do Senhor da Penha...

Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1908.

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