19 agosto 2013

As plantas e a água

James F. Sutcliffe

A disponibilidade de água no ambiente exerce um importante efeito na distribuição das plantas não só através do mundo [...] como também no sentido mais restrito. Plantas adaptadas a viver em locais secos não podem sobreviver por muito tempo em ambientes úmidos e vice-versa. As espécies são classificadas em quatro grupos, com base na quantidade de água disponível para elas, e cada grupo é caracterizado por uma combinação de adaptações estruturais ao seu ambiente.

Hidrófitas crescem total ou parcialmente submersas na água. [...]

A perda de água normalmente não é problema para as hidrófitas e não há cutícula em desenvolvimento nos órgãos submersos ou na superfície inferior das folhas flutuantes. A superfície superior, entretanto, é fortemente cutinizada, o que ajuda a prevenir a supersaturação, e as folhas emergentes têm ainda estômatos funcionais que controlam a transpiração.
[...]

Higrófitas [..] são plantas terrestres de ambientes úmidos, onde o ar é muito úmido e o solo é permanentemente saturado de água. Tais hábitats são geralmente sombreados e, assim sendo, as higrófitas são plantas adaptadas a fotossintetizar eficientemente em baixas intensidades luminosas. Elas comumente têm uma grande área superficial em relação ao volume, e as folhas freqüentemente têm apenas uma camada de células de espessura. Há pouco controle da perda de água, e o conteúdo de água é controlado em grande parte pela umidade do ar [...].
[...]

Mesófitas são plantas que normalmente crescem em solo bem drenado e cujas folhas ficam expostas a ar moderadamente seco. A maioria das espécies cultivadas e muitas das plantas nativas de regiões tropicais e temperadas estão enquadradas nesta categoria. Elas têm cutícula impermeável e regulam a perda de água pelo controle da abertura dos estômatos [...]. Nas mesófitas os estômatos freqüentemente se fecham por um período, na metade do dia, quando as condições são geralmente mais favoráveis para a evaporação, e também à noite, quando a fotossíntese pára e a penetração de CO2 não é necessária. Como as mesófitas têm [de] substituir grandes quantidades de água transpirada pelas folhas, elas possuem um sistema radicular extenso e xilema bem desenvolvido. [...]

Xerófitas ocorrem principalmente nos desertos, nos [campos] secos e nos lugares rochosos onde a água é geralmente escassa. Essas plantas poderiam, algumas vezes, se desenvolver melhor em ambiente úmido que no seco, se fossem protegidas contra a competição das mesófitas. Sua sobrevivência sob condições secas depende de um certo número de adaptações, incluindo:

1) Um extenso sistema radicular que penetre ampla e profundamente no solo para obter a água disponível. [...]

2) A água pode ser armazenada em raízes, caules ou folhas suculentas para ser usada durante períodos de seca intensa. [..]

3) Em muitas xerófitas, inclusive nos cactos, as folhas são pequenas, algumas vezes reduzidas a simples escamas e o principal órgão fotossintetizante é o caule. [...]

4) Algumas xerófitas, especialmente monocotiledôneas, perdem suas folhas e outras partes aéreas em períodos de seca severa e sobrevivem por meio de bulbos subterrâneos. [...]

5) A cutícula das xerófitas é freqüentemente mais fina que a das mesófitas, mas sua impermeabilidade à água depende principalmente de sua composição, que inclui uma alta proporção de cutina e outras ceras. [...]

6) A transpiração é também reduzida nas xerófitas pelo número, disposição e modo de função dos estômatos. [...]
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Fonte: Sutcliffe, J. F. 1980. As plantas e a água. SP, EPU & Edusp.

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