22 novembro 2013

A árvore da morte

Vesna Krmpotic

A morte cresce em nós como uma árvore:
ramifica-se no corpo, sob a pele estremecem as folhas;
cada vez mais espessa dentro de nós cresce, pouco a pouco nos empurra.
Nós somos sempre menos, ela, sempre mais.

E nos transforma, transforma-nos em si,
a terra do nosso corpo nas flores suas;
em si nos aspira, nos recria, sem voz.
Quanto do nosso ainda permanece em nós?

E assim, sem saber, somos sempre mais ela.
Escuridão ramificada na caixa do nosso corpo.
E quando um vento desconhecido esta cabeleira agita,
pensamos que é a vida cantando.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM. Poema publicado em livro em 1969.

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