29 dezembro 2013

Venho de longe, trago o pensamento

Paulo Bonfim

Venho de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e maresias;
Arrasto velas rotas pelo vento
E mastros carregados de agonias.

Provenho desses mares esquecidos
Nos roteiros de há muito abandonados
E trago na retina diluídos
Os misteriosos portos não tocados.

Retenho dentro da alma, preso à quilha
Todo um mar de sargaços e de vozes,
E ainda procuro no horizonte a ilha

Onde sonham morrer os albatrozes...
Venho de longe a contornar a esmo,
O cabo das tormentas de mim mesmo.

Fonte (exceto os versos 9-12): Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1951.
Observação, em 31/1/2015: este poema já havia sido publicado no blogue (aqui).

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