01 fevereiro 2014

À morte do desventurado

Bernardo Gavião

Eis o termo; eis a pedra; eis a verdade;
O desengano enfim; enfim a morte;
Eis o gume ante o qual se quebra a forte
E ampla, vasta, infinita eternidade.

Não é sonho, meu Deus, é realidade,
Harpa que estala em ultimo transporte,
A cova revoltou-se, é lei da sorte,
Um mistério talvez, fatalidade.

E o barro mortal, na triste lida,
Tombou sem força, e em campa regelada,
Lá foram-se ilusões, lá foi-se a vida!

Morreste, Feliciano, e abrilhantada
Voou tua alma, lá nos céus perdida,
E findou-se o teu ser, findou teu nada. 

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 2. SP, Cultrix & Edusp. Poema recitado no enterro de Feliciano Pinto Coelho Duarte (1828-1850).

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