17 fevereiro 2014

Cairá o bastão de nossa mão

Pär Lagerkvist

Cairá o bastão de nossa mão,
o vagar terá um fim.
Deserta ficará a terra dos homens,
nada mais acontecerá.
Nenhum homem sequer olhará mais longe.
Nenhum jovem estará desperto.
Nem sequer o peregrino sobre o duro leito de palha
saboreará a beatitude de sua alma.

Já se terão ido aqueles que aqui viveram.
Em silêncio afastaram-se de tudo o que exista.
Nenhum jamais regressou.

As estrelas ainda flamejam na eternidade,
por tempos infinitos.
O cintilar da Via Láctea, a nebulosa,
ainda atravessa os espaços.
E tudo é como antes. Somente nós não somos mais.
O fogo das nossas barracas se apagou.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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