29 agosto 2014

A bordo do Beagle

Richard Keynes

Em Autobiography, Charles afirmou que “A viagem do Beagle foi de longe o acontecimento mais importante de minha vida e determinou toda a minha carreira”, mas como se viu neste relato de suas atividades durante o percurso, foi apenas bem perto do fim da expedição que pôs na forma escrita suas primeiras dúvidas sobre a estabilidade das espécies existentes. Desse modo, pode-se perguntar como, após mais de quatro anos de fatigante estudo geológico e extensa coleta de animais e plantas, ele chegou à sua mais importante descoberta, lançando luz sobre a maneira como surgiram as novas espécies?

No mesmo livro Charles também afirmava, talvez para ficar de acordo com a moda da época, mas sem qualquer rigor, que “trabalhou [sob] princípios verdadeiramente baconianos e, sem qualquer teoria, coletou fatos por atacado”. A verdade é que o elemento central de sua abordagem científica era a paixão pela teorização, e embora admitisse que a especulação é uma falha séria quando se faz observação, sempre declarou que a sistematização era essencial tanto antes como depois da atividade empírica. Isso ficou muitíssimo claro nas anotações extensas e extremamente bem organizadas que desde o início fez de todas as suas investigações geológicas e zoológicas.
[...]

Fonte: Keynes, R. 2004. Aventuras e descobertas de Darwin a bordo do Beagle. RJ, Jorge Zahar.

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