25 fevereiro 2015

Do inferno à budicidade

Daisaku Ikeda

Depois de vinte anos de massacres e atrocidades, a guerra do Vietnã chegou ao fim. Acima e além do espantoso número de perdas paira uma indagação: quantas vidas foram destroçadas, mutiladas e apartadas em décadas de luta? Mas esse não é o único nem o mais importante motivo da desolação.

Por volta de 1972, um jornalista japonês de volta de Hue declarou que os vietnamitas tinham ‘medo da paz’. Ele não quis dizer que aquele povo não queria viver pacificamente, mas apenas que não sabia o que era paz e o que trazia no seu bojo. De guerra eles entendiam, mas a paz lhes era uma quantidade desconhecida. Para nós, que temos tido a boa sorte de viver em contato com a paz, isso parece irrealístico. Como é doloroso pensar que somente poucas pessoas, na região, são velhas o bastante para ter a noção do que é viver em paz!

Tendo sobrevivo à guerra infernal, essa desafortunada gente se pergunta: “O que é paz?” Uma geração inteira nada sabe a não ser sobre guerra, bombardeios e terra devastada. No entanto, muitos devem ter sonhado – de tempos em tempos – com uma maneira de viver mais humana cada vez que a esperança era rapidamente transformada em desconfiança e desespero. Nas suas vidas, a única coisa certa tinha sido a morte.
[...]

Fonte: Ikeda, D. 1992. Vida: Um enigma, uma jóia preciosa. RJ, Record.

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