03 abril 2015

Acompanhamento lírico

Luís Veiga Leitão 

Desceu a névoa  E de vale em vale
a manhã ficou pálida  suspensa
Árvores  lama  fronte de quem pensa
vestem de branco  um branco glacial
Como flecha de lume no vitral
também minha alma que brilhou intensa
novamente afogou sua presença
no fundo de uma túnica irreal
E levo-a
pelo mar fora  pelo mar da névoa
sob o silêncio húmido  profundo
em cujas mãos de lágrimas deponho
o mutilado corpo do teu sonho
corpo sem asas de voar no mundo

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. ‘Luís Veiga Leitão’ é pseudônimo de Luís Maria Leitão. Poema publicado em livro em 1950.

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