04 novembro 2015

A marca criativa do jornal

Célio Apolinário

Aprendi bem cedo no Binômio, pois era muito jovem quando cheguei lá, que nada podia ser burocrático e rotineiro no jornal. O Wander, editor-chefe, me deu uma verdadeira bronca quando surgi na redação com a foto de um mendigo dormindo na calçada, que pensei que fosse formidável, mas que era igual a milhares de outras publicadas por aí.

– Olha, disse o Wander. Vá lá e faz dez vezes o trabalho e vê se traz alguma coisa diferente. Se não conseguir, é melhor nem aparecer mais.

Fui e melhorei muito o material, mas mesmo assim não foi publicado, pois entenderam que ainda não estava bom.

Esse primeiro teste foi decisivo para mim. Eu tinha [de] estudar muito, pesquisar muito, se quisesse ser um bom fotógrafo. Felizmente, no Binômio, todos colaboravam, era um esforço coletivo, fosse na fotografia ou em qualquer outra área. O que aprendi lá nunca esqueci. Tudo tinha a marca criativa do jornal.

Fonte: Rabêlo, J. M. 1997. Binômio: edição histórica. BH, Armazém de Idéias & Barlavento Grupo Editorial.

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