13 dezembro 2015

Encarei as estrelas macilentas

Afonso Celso

Encarei as estrelas macilentas
Que lívidas tremiam no espaço,
Como um bando de Impérias vinolentas
Saindo de uma orgia de devassos;

E disse: “Luminosos estilhaços
D’algum trono de fadas opulentas,
Vinde; eu quero ajuntar esses pedaços
Dispersos ao capricho das tormentas.

De vós que só restais do vasto espólio
D’algum deus que faliu farei um sólio
Que a moral de Jesus mais deslumbrante.

Onde as cortes do céu, entre mil bravos,
Rendam preitos, humildes como escravos,
Às graças infernais de minha amante”.

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 4. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1879.

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