30 setembro 2017

Pressupostos científicos de uma ideia política

Ludwig Trepl

Não constitui uma evidência que, antes das ‘intervenções’ no ‘meio ambiente’ ‘natural’, se deva estudar o ‘impacto’ dessas ações. Isto não só porque se pode achar que isso é desnecessário (por exemplo, porque o meio ambiente seria muito mais resistente do que acredita uma opinião pública demasiadamente susceptível), mas também porque o conceito de meio ambiente é ambíguo e, além disso, não é evidente por si só que ‘haja’ realmente um meio ambiente.

O que hoje denominamos meio ambiente não existia há duzentos anos e nem mesmo há 25 anos, exceto nos discursos dos especialistas. Não havia ‘destruição do meio ambiente’, embora já existisse sem dúvida quase tudo o que entendemos por essa expressão. Certamente, nos séculos passados ocorreram ‘catástrofes ambientais’ que superavam em muito o que hoje se designa por esse nome (embora talvez não o que hoje representa a ameaça). Nenhuma das catástrofes atuais atinge as proporções das epidemias de peste da Idade Média ou as dimensões daquilo que se seguiu à conquista da América Central e do Sul pelos espanhóis, quando, no período de uma única geração, o número de habitantes desceu a uma fração. Essa síndrome de causas, hoje chamá-la-íamos sem dúvida de ‘ecológica’, falaríamos de uma ‘guerra ambiental’ e de uma ‘catástrofe ambiental’. Mas, naquela época, não poderia surgir a ideia de que o ‘meio ambiente’ é que estaria entrando ‘em colapso’. Tratava-se apenas de consequências da guerra, fome, secas, epidemias, problemas de higiene etc.
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Fonte: Trepl, L. 1994. In: Müller-Plantenberg, C. & Ab’Sáber, A. N., orgs. Previsão de impactos. SP, Edusp.

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