10 dezembro 2017

A organização do comportamento

James McConnell

Em 1953, quando era estudante na Universidade do Texas, Robert Thompson, também estudante, chegou para mim e me convidou para trabalhar com ele no treinamento de platelmintes – turbelários. Interessava-me descobrir que diabo ele queria fazer com aquilo; afinal você só se torna respeitável em psicologia quando treina ratos. Mas ele tinha acabado de ler o grande livro de Donald Hebb (1949), The organization of behavior. Meu Deus, que influência esse livro tinha exercido sobre nós! Hebb estava interessado no que acontecia dentro do cérebro quando um organismo aprende. Ele tinha convicção, que era a mesma de William James (1950) e de outras fontes, de que talvez houvesse uma reorganização nas conexões básicas das células nervosas do cérebro, sempre que alguém aprende alguma coisa. Quando coloca a informação no computador, você tem de fazer alguma modificação física nele, ao nível das ligações ou ao nível do programa. Talvez você pudesse realmente descobrir e tocar na memória se soubesse para onde olhar, se para o disco de memória ou para dentro do sistema de ligações. Hebb e outros começaram a dizer: “Bem, deve haver o mesmo tipo de mudança no computador humano que nós chamamos cérebro”. Qual é ela? Nós a chamamos de engrama, mas ainda não sabemos o que ela é. Hebb pensara que talvez no momento da aprendizagem você fizesse a ligação das células nervosas em caminhos diferentes, chamou a isto de composição celular. Foi uma ideia brilhante. O enfoque dado era mais em termos de conexões funcionais do que em termos de mudanças estruturais entre as células, mas não sei se você pode mesmo ter um sistema de ligações funcionais no cérebro sem que a mudança seja também estrutural.

Fonte: Evans, R. I. 1979 [1976]. Construtores da psicologia. SP, Summus & Edusp.

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